Que boa surpresa ao receber agora há pouco o primeiro post do David. Aqui vai em meu nome, mas o texto é dele…  

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Bom chegou minha vez de reviver os momentos de concentração ou descontração para poder escrever parte de um blog e passar a vocês um pouco do que vivemos quando decidimos por uma aventura desta natureza.

Meu nome, David Ravaneda, casado, pai de dois filhos e avô há 3 anos, minha esposa Valeria, companheira há anos, não possui uma paixão pelo motociclismo como eu, mas certamente gosta muito quando se trata de aventuras em países de primeiro mundo e com algumas mordomias de madame, claro quem não gosta!!! Podemos então justificar ai a decisão da escolha de uma BMW GL 1600, pelo menos ela  não poderá reclamar de conforto.

Sou executivo de uma grande instituição financeira e descobri neste esporte muito prazer e para mim uma forma de descarregar nossa dose semanal de stress. Tenho procurado cada vez mais dedicar parte de meus finais de semana à pratica mas parece ser um equação sem balanceamento, quanto mais piloto, mais quero... e assim os limites já superam a média de 600 km. O equipamento, uma BMW GSA 1200/2011, me atende plenamente em longas viagens acima da média mencionada, e para os famosos tiros curtos, uma BMW F 800 R/2011, excelente e rápida em curvas e retomadas, assim passo meu tempo em companhia de amigos que possuem o mesmo prazer...

Amante de motociclismo, tenho moto desde os 15 anos de idade, há alguns anos adquiri o gosto de longas viagens e rapidamente percebi que esta seria a melhor maneira de conhecer detalhes de nossos destinos, sejam eles aqui ou outro lugar que sempre desejamos estar em nossa existência.

Dificilmente,  conseguirei transmitir a sensação de viver perante situações que nos expomos, desde do inicio da concepção da ideia até o final da realização, que nada mais é pra mim do que definir um novo desafio, uma nova rota, um local impar e assim poder conhecer aquilo que não vemos ou sentimos quando nos deslocamos por aviões para várias cidades.

A definição inicial deste roteiro, dentre uma lista de escolhas, tem uma relação direta com a primeira vez que estive na Espanha fazendo uma viagem de carro pelo Sul, pensei naquele momento que o Norte seria um objetivo a ser conhecido de moto, as estradas me pareceram perfeitas para isso e o clima nesta época de Maio também.

Incluir parte de Portugal e França ajudou a engordar o currículo e da mais pompa ao passeio, então foi fácil... aha!!! e tira a culpa do Googlemaps atribuída pelo Neto e Luiz, Serra da Estrela e Pirineus foram os motivos para cruzar estes países, so não estavam detalhadas na rota inicial.
Quando faço um exercício de definição de rota, tudo parece se encaixar, qualquer definição esta ótima, tudo transmite prazer, é um exercício motivador. Nascia assim com antecedência de 11 meses o planejamento de mais uma, e ainda neste período a realização de um outro sonho, cruzar Argentina até o  Atacama no Chile (www.4ridersatacama.blogspot.com), portanto neste momento já tenho também planejada outra para o Peru em Outubro... mas isto é assunto para outros  blogs...

Minhas primeiras contribuições vão agregar ao texto de nosso amigo Luiz, que de uma forma marcante e diferente estará participando desta aventura com o intuito de registrar esta aventura de uma forma independente e assim criando um serviço que futuramente poderá ser explorado...

Não diria que estou com a “vida ganha”, diria que faço e transmito aquilo que gosto e me da prazer, dentro de limites que controlo, portanto uma “vida estável”, rsrsrs...

Acrescentaria ao currículo de roteiro realizados e já mencionados pelo Luiz em post anterior: Rota 66, Grand Canyon, Zion Park, Oeste da California, Death Valey e montanhas do Colorado, lugares que merecem ser mencionados pela relevância nos registros de motociclismo.

Segue foto tirada pelo Neto em seu apartamento em Londres da noite em que finalmente fechávamos o roteiro final da viagem. Eu, Luiz, acompanhava ao vivo quase dormindo desde Madrid (2:00 am) ali na tela do notebook a direita, e o David falava de Asunción, Paraguai no iPad. Na tela maior, o roteiro sacramentado no Google Maps.

E seguem os preparativos da Riding through Iberia. Finalmente, diria eu… a moçada está se mobilizando e entrando no espírito da aventura. A semana passada, o Neto resolveu se engajar para valer na organização e começou a dar uma burilada final no roteiro e a seleccionar os hotéis.

Afinar a rota era necessário para balancear as distâncias a serem percorridas a cada dia. Nao deixar que nenhuma etapa ficasse pesada demais a ponto de afetar o humor dos viajantes, especialmente, os do sexo feminino. Nenhuma mudança radical nas regiões a serem percorridas ou nas principais cidades a serem visitadas, mas em função de um imprevisto com o aluguel da moto do Neto, que só estará disponível na manha da 2ª feira dia 20 de maio, começamos a rever o roteiro cidade por cidade e dia após dia. Notamos algumas falhas como nao cruzar a Serra da Estrela e os Pirineus. Como???? Meio sem sentido para quem busca aventura, ir até as montanhas e nao enfrentar as tortuosas estradas serranas e suas belas paisagens. A idéia sempre foi cruzar estes dois exuberantes obstáculos naturais, o problema foi que confiamos demais no Google Maps e nao nos atentamos que o roteiro sugerido pelo sistema passava principalmente por auto-pistas e interestaduais que geralmente desviam dos ou tangenciam os grandes obstáculos naturais. Assim, estava eu escrevendo no press release da aventura dizendo que passaríamos pela Serra da Estrela e os Pirineus, mas na programação do GPS nao estávamos passando pelas estradas que cruzam estas cadeias montanhosas.

A noite em que refizemos o roteiro já faz parte das memórias da aventura e dos seus preparativos. Foi uma noite de San Bartolomeu…. Umas 3 horas em frente ao computador (até as 2:00 am, horário de Madrid) falando por Skype tentando entender o que havia de errado na rota original e discutindo alternativas. Lá estávamos, graças as maravilhas da tecnologia, um em Madrid, outro em Londres e um perdido, que entrou no final mais enrolado do que novelo de lã, directo de Asunción, Paraguai discutindo se passaríamos em Guarda; pousaríamos em A Coruña invés de Santiago Compostela; seguiríamos por Pamplona e de lá para Lourdes; ou se limaríamos do roteiro Montpellier. Ao final sem brigas e principalmente sem frustrar a ninguém fechamos a rota definitiva que descrevo a seguir:  

• Ponto de partida é a Calle Julio Palácios no Barrio de Pilar, Madrid na residência de quem vos escreve;
• De Madrid seguimos para os vastos campos de Castilla y León cruzando a Serra de Guadarrama com breves paradas em Segóvia e em Ávila para admirar o aqueduto romano da primeira e as majestosas muralhas da segunda até chegar a Salamanca. De Salamanca partimos rumo a terras portuguesas e pousamos em Guarda ainda na primeira noite;
• De Guarda partimos para explorar as belezas da Serra da Estrela. Será um dia inteiro percorrendo as tortuosas vias que cruzam esta região que é muito mais que uma cadeia de montanhas, descobrindo os encantos de sua herança cultural em suas magníficas cidades, vilarejos e castelos. Descendo a Serra seguimos para O Porto;
• Em O Porto serão dois dias dedicados aos sabores da gastronomia portuguesa, apreciando uma boa alheira na Ribeira do Douro e um bom bacalhau para os apreciadores. E claro, um bom vinho do Porto das suas inúmeras cavas ao sol da primavera;
• Rumo ao norte já na Galicia passamos pela mística Santiago de Compostela, destino de fé e peregrinação do mundialmente conhecido Caminho de Santiago, seguindo viagem até chegar a cidade de A Coruña, capital da província do mesmo nome, onde está o único farol romano que continua em operação em todo o mundo (La Torre de Hércules); 
• De lá seguindo em sentido oposto ao caminho primitivo do profeta Santiago cruzaremos as províncias de Astúrias e Cantábria em magníficas paisagens entre o litoral recortado em golfos e baias do Mar Cantábrico e as impressionantes formações rochosas dos Picos da Europa. A próxima parada é a pequena cidade de Potes em Parador ao lado do paredão rochoso de mais de 800 m da Fuente De e seu teleférico;
• De lá partiremos para conhecer um outro país sem sair da Espanha. Entraremos em domínios vascos cruzando a cordilheira Cantabrica junto ao mar até Bilbao na província de Viscaya. Seguiremos no mesmo dia até Pamplona, capital da comunidade foral de Navarra;
• De Pamplona pelas terras altas de Navarra vamos em direcção aos Pirineus para cruzá-los rumo a Lourdes no sul da França, outro importante destino de peregrinação para os católicos;
• No dia seguinte partindo de Lourdes continuamos a jornada em direcção a região de Gouges du Tarn até a cidade de Rodez, contornando as suas ravinas, as mais profundas da Europa; 
• A próxima parada é a costa do Mediterraneo em Gruissan nao antes de cruzar o Vale do Tarn pela magnífica ponte Millau;
• Rumo a Barcelona seguimos as margens da célebre Costa Brava catalã. Passamos duas noites na cosmopolita Barcelona e seguimos para a última parada em Zaragoza, capital de Aragón, antes de retornar a Madrid. 

Amigos unidos pela paixão de viajar em duas rodas

Viajar faz parte da vida destes amigos. Seja a trabalho ou a lazer, eles quase sempre estão indo ou vindo. Se conheceram viajando e descobriram a paixão em comum pela estrada e pelas motos. Mais uma vez se preparam para pôr o pé na estrada...

A paixão pelas motos vem de David Ravaneda, o amigo com mais anos de estrada. Atualmente, um executivo do setor financeiro com a vida praticamente ganha, David já fez de tudo um pouco. Cedo aprendeu a importância de se dar um jeitinho para viver e virou assim... diríamos... um sujeito polivalente. Além de seus dotes executivos, se vira muito bem como marceneiro, daqueles que sonhamos em ter quando montamos uma casa; e também como ferramenteiro e mecânico desenvolvendo soluções e acessórios para equipar as suas motos em suas viagens de aventura.

Além de suas habilidades manuais, segundo Valéria, sua esposa, David opera verdadeiros milagres na

multiplicação dos seus dias de férias. Sempre dá um jeito de emendar uma semana ali outra acolá para esticar o período longe do escritório e poder pôr o pé na estrada montado em uma de suas motos.

Por sua vez, José Neto, um recém iniciado ao mundo das motos, é um mestre na arte de viajar. Conhecido pelos amigos como “Baby”, apelido dado por sua “quérida”, Paula, reside atualmente em Londres. Com passagens também por Santiago do Chile e New York, por ócios do ofício, já bateu perna pelos quatro cantos deste mundo, tendo acumulado mais milhas que mecânico do circo da Fórmula 1. Sente-se em casa na classe executiva da British Airways ou da American Airlines e é capaz de surpreender quem compartilha um voo com ele com dicas sus generis como qual é o melhor acento do upper deck do Boeing 747 da British. Se você achava como eu que bastava estar na executiva para estar ótimo, saiba que há um cantinho especial para os entendidos... De natureza metódica e também por hábito de gestor de risco que foi por uns bons anos, planeja as suas viagens nos mínimos detalhes. Da configuração do GPS da moto ao padrão dos quartos do hotel em que passará as noites, garantindo que todos tenham WIFI para conexão dos inúmeros gatchers que costuma carregar. Levemente hipocondríaco em suas viagens sempre está conectado com sua tia médica que em caso de emergência está pronta para prestar auxilio remoto. E nao é que as emergências acontecem... Na viagem a Ushuaia, Patagônia em 2011 no meio de uma estrada perdida nos pampas argentinos um maroto marimbondo entrou na fresta de seu capacete e o picou no pescoço. Temendo uma reação alérgica, Neto imediatamente consultou sua tia através do seu iPhone com direito a foto do local da picada relatando o ocorrido e a sua tia prontamente receitou antialérgicos que estavam ali a mão em seu kit de primeiros socorros. Tudo isso diante dos olhares de incredulidade dos companheiros de viagem, David e Mané, outro amigo que os acompanhava então.

São estas figuras que estão de malas prontas para mais uma aventura. Depois de explorar alguns dos mais exuberantes destinos das Américas como a Sierra Nevada e Yosemite Park na Califórnia; Monument Valley em Utah; os confins da Patagônia argentina e cruzar os altiplanos do Deserto do Atacama no Chile chegou a hora de explorar as paisagens europeias. E o cenário escolhido para esta primeira aventura em duas rodas pela Europa é o norte da Península Ibérica cruzando Portugal, Espanha e o sul da França.
Serão 13 dias e quase 3,5 mil Km de muito chão por um mosaico de diferentes culturas e costumes, exuberantes paisagens naturais e patrimônios históricos da humanidade. O grupo será acompanhado por carro de apoio pilotado por quem vos fala, Luiz. Eu terei o prazer de registrar a aventura em texto, foto e vídeo para produção de reportagem foto jornalística para veículos que possam se interessar em sua divulgação. 

Olá!

Este é o blog do projeto Riding through Iberia. 

Nos próximos 45 dias vamos contar neste espaço um pouco da aventura destes amigos que preparam mais uma de suas viagens de moto. Depois de explorar várias das mais espectaculares paisagens das Américas dos desertos do Death Valley e Monument Valley nos EUA aos confins da Patagonia argentina, agora chegou a vez de pôr o pé na estrada na Europa. O cenário escolhido para esta aventura é a região norte da Península Ibérica em que percorrerão mais de 3,5 mil Km saindo de Madrid a partir do próximo dia 20 de maio. Serão 13 dias de muito chão, mas de muito companheirismo, boas risadas e momentos inesquecíveis. E diria um deles, um pouco de stress, pela presença feminina nesta edição. Mas tudo vale para que as comadres possam compartilhar da aventura…