E seguem os preparativos da Riding through Iberia. Finalmente, diria eu… a moçada está se mobilizando e entrando no espírito da aventura. A semana passada, o Neto resolveu se engajar para valer na organização e começou a dar uma burilada final no roteiro e a seleccionar os hotéis.

Afinar a rota era necessário para balancear as distâncias a serem percorridas a cada dia. Nao deixar que nenhuma etapa ficasse pesada demais a ponto de afetar o humor dos viajantes, especialmente, os do sexo feminino. Nenhuma mudança radical nas regiões a serem percorridas ou nas principais cidades a serem visitadas, mas em função de um imprevisto com o aluguel da moto do Neto, que só estará disponível na manha da 2ª feira dia 20 de maio, começamos a rever o roteiro cidade por cidade e dia após dia. Notamos algumas falhas como nao cruzar a Serra da Estrela e os Pirineus. Como???? Meio sem sentido para quem busca aventura, ir até as montanhas e nao enfrentar as tortuosas estradas serranas e suas belas paisagens. A idéia sempre foi cruzar estes dois exuberantes obstáculos naturais, o problema foi que confiamos demais no Google Maps e nao nos atentamos que o roteiro sugerido pelo sistema passava principalmente por auto-pistas e interestaduais que geralmente desviam dos ou tangenciam os grandes obstáculos naturais. Assim, estava eu escrevendo no press release da aventura dizendo que passaríamos pela Serra da Estrela e os Pirineus, mas na programação do GPS nao estávamos passando pelas estradas que cruzam estas cadeias montanhosas.

A noite em que refizemos o roteiro já faz parte das memórias da aventura e dos seus preparativos. Foi uma noite de San Bartolomeu…. Umas 3 horas em frente ao computador (até as 2:00 am, horário de Madrid) falando por Skype tentando entender o que havia de errado na rota original e discutindo alternativas. Lá estávamos, graças as maravilhas da tecnologia, um em Madrid, outro em Londres e um perdido, que entrou no final mais enrolado do que novelo de lã, directo de Asunción, Paraguai discutindo se passaríamos em Guarda; pousaríamos em A Coruña invés de Santiago Compostela; seguiríamos por Pamplona e de lá para Lourdes; ou se limaríamos do roteiro Montpellier. Ao final sem brigas e principalmente sem frustrar a ninguém fechamos a rota definitiva que descrevo a seguir:  

• Ponto de partida é a Calle Julio Palácios no Barrio de Pilar, Madrid na residência de quem vos escreve;
• De Madrid seguimos para os vastos campos de Castilla y León cruzando a Serra de Guadarrama com breves paradas em Segóvia e em Ávila para admirar o aqueduto romano da primeira e as majestosas muralhas da segunda até chegar a Salamanca. De Salamanca partimos rumo a terras portuguesas e pousamos em Guarda ainda na primeira noite;
• De Guarda partimos para explorar as belezas da Serra da Estrela. Será um dia inteiro percorrendo as tortuosas vias que cruzam esta região que é muito mais que uma cadeia de montanhas, descobrindo os encantos de sua herança cultural em suas magníficas cidades, vilarejos e castelos. Descendo a Serra seguimos para O Porto;
• Em O Porto serão dois dias dedicados aos sabores da gastronomia portuguesa, apreciando uma boa alheira na Ribeira do Douro e um bom bacalhau para os apreciadores. E claro, um bom vinho do Porto das suas inúmeras cavas ao sol da primavera;
• Rumo ao norte já na Galicia passamos pela mística Santiago de Compostela, destino de fé e peregrinação do mundialmente conhecido Caminho de Santiago, seguindo viagem até chegar a cidade de A Coruña, capital da província do mesmo nome, onde está o único farol romano que continua em operação em todo o mundo (La Torre de Hércules); 
• De lá seguindo em sentido oposto ao caminho primitivo do profeta Santiago cruzaremos as províncias de Astúrias e Cantábria em magníficas paisagens entre o litoral recortado em golfos e baias do Mar Cantábrico e as impressionantes formações rochosas dos Picos da Europa. A próxima parada é a pequena cidade de Potes em Parador ao lado do paredão rochoso de mais de 800 m da Fuente De e seu teleférico;
• De lá partiremos para conhecer um outro país sem sair da Espanha. Entraremos em domínios vascos cruzando a cordilheira Cantabrica junto ao mar até Bilbao na província de Viscaya. Seguiremos no mesmo dia até Pamplona, capital da comunidade foral de Navarra;
• De Pamplona pelas terras altas de Navarra vamos em direcção aos Pirineus para cruzá-los rumo a Lourdes no sul da França, outro importante destino de peregrinação para os católicos;
• No dia seguinte partindo de Lourdes continuamos a jornada em direcção a região de Gouges du Tarn até a cidade de Rodez, contornando as suas ravinas, as mais profundas da Europa; 
• A próxima parada é a costa do Mediterraneo em Gruissan nao antes de cruzar o Vale do Tarn pela magnífica ponte Millau;
• Rumo a Barcelona seguimos as margens da célebre Costa Brava catalã. Passamos duas noites na cosmopolita Barcelona e seguimos para a última parada em Zaragoza, capital de Aragón, antes de retornar a Madrid.