quarta-feira, 22 de maio de 2013

Uma casa portuguesa, com certeza...

Estamos na cidade do Porto. Chegamos ontem a noite depois de uma longa e bela viagem cruzando as magníficas paisagens da Serra da Estrela e as regioes vinícolas do Alto da Ribeira do Doro.

Após um bacalhauzinho na noite de 2ª feira em Guarda saímos às 9:30h de ontem para cruzar a Serra da Estrela passando pelas cidades de Valhelha, Manteigas e Sabugueiro. O tempo estava mais camarada e o Sol nos acompanhou por quase todo o percurso com exceçao do maciço Serra da Estrela onde o céu permaneceu nublado, mas, graças a Deus, sem chuva.


Nesta região passamos por localidades do que podemos chamar do Portugal profundo. Pequenas cidades ou povoados que se resumem a uma rua, uma praça central com a igreja matriz e com ancioes sentados ao sol admirando o "grande" movimento da cidade. Em Valhelhas, o semáforo na N-18 discursa solitário o seu abrir e fechar de sinais luminosos verde, amarelo e vermelho. Uma cena pitoresca que o David testemunhou foi o senhor responsável pelo relógio da igreja subindo na torre para dar a badalada de 12:00h, pessoalmente e manualmente.



Seguindo viagem pelos profundos vales da Serra chegamos a simpática cidade de Manteigas que é base para o ecoturismo e os esportes de inverno na região. Ali rolou a primeira confusão do dia entre os nossos navegadores e o GPS. Lá pelas tantas um dos aventureiros, que passara a madrugada programando o tao útil aparalhinho, se achou perdido e decidiu seguir o velho e bom ditado, "quem tem boca, vai a Roma", e perguntou para um simpático senhor que ali observava o movimento das motos no centro de Manteiga. O senhor em bom e quase ininteligível português de Portugal para os ouvidos menos acostumados orientou: "Deves seguir em direção a Torres. Vais passar por uma, duas gasolineiras, uma ponte branca com arcos e começas a subir." E o melhor... Vaticinou: "nao precisas deste tal de GPS". E lá fomos utilizando métodos de navegação mais rudimentares, diríamos.


Mas antes de iniciar a subida dos 1993 metros de altitude de Torres, fizemos uma rápida parada para comprar o famoso queijo de ovelha curado da Serra da Estrela. O simpático comerciante nos ensinava com entusiasmo os atributos deste saboroso e cremoso queijo que é uma das delícias da culinária da serra portuguesa.

E seguimos viagem para vencer os quase 1300 metros de desnível entre Manteigas e Torres em apenas 20 Km. A estradinha lembra aquelas estradas dos Alpes como as retratadas na perseguição do filme "James Bond contra Goldfinger". Só que não seguíamos para Genebra e sim para Sabugueiro e muito menos no clássico Aston Martin pilotado pelo Sir Sean Connery na pele do famoso agente. As paisagens sao de perder o fôlego...




Parada "técnica" na beira da estrada...
No topo de terras portuguesas...
A foto aí em cima foi do momento que eu David decidiu dar um rolê com a sua moto sem capacete para sentir o ventinho no rosto de uns 6°C que fazia no alto da serra. Na sequência ele descobriu o santuário da Senhora da Boa Estrela a poucos metros dali. Este é um ponto de interesse geológico meio escondido no alto da Serra quase no trevo para Torres. Esculpida na pedra das formoçoes rochosas está a imagem da boa senhora que vela pela regiao.

Deste ponto a estrada segue subindo os últimos 200 metros até chegar ao platô do alto da Serra da Estrela coberto de neve. A próxima parada era Sabugueiro já na descida da Serra, onde paramos para um providencial almoço português. Lá experimentamos uns surtidos de carne de boi, de porco e enchidos típicos portugueses: alheira e morcela. E quem nao pilotava motos apreciou um ótimo vinho verde português a apenas €3,50 a garrafa.

Mas o clima do almoço que era para ser de desconcentração virou um stress só quando o David notou a falta de um dos seus "n" cartoes de memória que leva na viagem. O stick de memória, segundo o aflito David, continha "apenas" umas 6000 fotos da viagem para Segovia no domingo, o aniversário de sua neta Flora, e metade das fotos do dia, etc... O cabra ficou desnorteado... Esvaziou os bolsos das calças, blusoes, mochilas, necessaires, etc... Espalhou na mesa os estojos de todos os cartoes de memórias. Angustiado, levantava e andava de um lado para o outro batendo os celulares na mao. Como último recurso foi ao estacionamento procurar no maleteiro da moto... E infelizmente, nada do micro e maroto disquetinho aparecer. Enquanto isso, os assados portugueses e a saborosa alheira esfriava na mesa desprezada pelo apetite do David que se fora com a perda do objeto e de seu precioso conteúdo. Ao final, depois de baixar a adrenalina e já "quase" conformado com a perda voltou a moto para dar uma última geral em uma das muitas mochilas dos Ravanedas. Finalmente, encontrou o cartaozinho de memória no fundo de uma bolsa. Graças ao bom Deus, a Senhora da Boa Estrela, Sao Longuinho e todos os santos, pois o humor iria azedar para o resto do dia.


Já eram umas 16:00h quando saímos do restaurante e nossos intrépidos navegadores decidiram que deveríamos ir para o Porto por estradas secundárias desviando das autopistas. Até aí tudo bem... Cruzaríamos a belíssima regiao do Alto da Ribeira do Douro e margeríamos o velho rio rumo a cidade passando pelas zonas produtores dos vinhos verdes e do Porto. O problema é que ao chegar ao Alto da Ribeira e descer as margens do Douro, o GPS nos mandou para uma estrada sinuosa subindo a margem norte. E pior, quase sem ponto de descando para tirar fotos. Enfim, uma roubada... Nisto os "2" aventureiros deixaram o "mais 1" do carro de apoio para trás e se perderam ribeira acima. Até o GPS ficou confuso... Ao final, chegamos sao e salvos a cidade do Porto às 21:00h depois de muita volta e de nos rendermos a comodidade da autopista.

Os intrépidos aventureiros ensinando o "padre nosso" ao vigário do GPS. A confusão nos valeu um atraso de quase duas horas na chegada ao Porto.

Hoje, o dia será dedicado a conhecer as belezas e as delícias da culinária do Porto. Nao percam em nossas próximas postagens...



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